sábado, 30 de agosto de 2008

Terapia por ser chorona demais...


choro de emoção
choro de desespero
choro de raiva
choro de saudades
choro de perda
choro de desânimo
choro de filme
choro de despedida
choro de cebola
choro de música
choro de superação
choro de fé
choro de decepção
choro de dor

choro de descrença
choro de auto-piedade
choro de esperança
choro de dó
choro de apelo
de casamento
choro de medo


Eu acho que choro demais. Queria encontrar o botão off, mas acho que Deus deletou o meu. Engraçado que eu era calma quando bebê. Lembro de ter chorado pela primeira vez quando vi a notícia, na t.v., da morte do Tancredo Neves. Não sei porque chorei, mas lembro que corri para a frente da casa da minha avó, sentei no portão, e deixei muitas lágrimas molharem meu rosto de menina. Depois lembro de ter chorado (acho que foi de desespero) por não querer tomar vacina, aos sete anos e com a mesma idade chorei porque queria ser a personagem principal do teatro da escola...acho que esse foi de apelo (e funcionou). Chorei a perda da minha tartaruga Fifu, brutalmente comida pelo Snoopy, meu poodle destrambelhado, depois chorei de medo do Snoopy morrer de indigestão e, por último naquele dia, quando minha mãe me deu uma bronca daquelas por eu ter quase feito-na infartar, quando liguei no meio do dia, no serviço dela, dizendo apenas "morreu", entre os muitos soluços. Chorei de desespero quando ela queria dar o cão após ele ter destruído roupas no varal, a horta de casa e o shorts que eu estava usando. Chorei de despedida por termos mudado de Assis para Campinas... e ainda tivemos que deixar o meu cachorro lá. E aí, chorava cada vez que eu voltava pra Assis pra visitar minhas tias. Lembro de ter chorado de muito medo quando minha prima teve meningite e eu fui visitá-la no hospital. Eu não tinha idade pra entrar em hospitais, mas como eu era alta pra idade, pensaram que eu era mais velha. Hoje entendo que há uma boa razão pra crianças não poderem fazer visitas desse tipo. Eu tinha uns dez anos de idade, tinha tamanho de doze, mas não tinha maturidade.
Dos nove aos quinze o que mais me fazia chorar era a apresentação que os programas Globo-Repórter faziam pra mostrar problemas ambientais: incêdios em florestas, animais sendo extintos, índios sendo perseguidos...(hoje aprendi que a televisão sempre apela mesmo). Chorei bastante de decepção e de raiva quando, na escola, comprei uma briga de uma colega que era discriminada por ser testemunha de Jeová, ter deformações na coluna vertebral e problemas de hormônio que afetavam sua aparência. Chorei pra ganhar um cachorro (e ganhei o Petit ) e depois disso chorei de medo cada vez que ele ficava doente.
Ihh, depois dos quinze anos, chorei por tanta coisa: chorei muito pelas minhas melhores amigas que se mudaram de continente, chorei pelas provas que fui mal, chorei por ter uma amiga que sempre "roubava" meus namoradinhos, chorei por pensar que um velhinho tinha morrido do meu lado na piscina, chorei quando entrei na Disney pela primeira vez, aos dezesseis quando visitei minhas amigas na Alemanha, vi nevar pela primeira vez no dia do meu aniversário, e quando tive que me despedir da neve das amigas e de um namorico que arrumei por lá... aos dezessete chorei quando minha turma unidíssima de melhores amigas se dividiu (e nunca mais voltou a ser a mesma), aos vinte comecei a chorar por um amor (e por esse não parei até hoje), chorei muito pelas coisas que passei enquanto estive ao lado do pai do meu filho, chorei de emoção verdadeira quando meu filho nasceu e chorei no dia em que ganhei o melhor e mais doce beijo do mundo, chorei em muitas músicas e muitos e muitos filmes (Um Sonho de Liberdade, Philadelphia, As Pontes de Madison e recentemente Ensinando a Vivert)... chorei de despedidas, de perdas, de reencontros, de reconciliações, de casamentos...ultimamente andei chorando no trabalho (acho que é Síndrome de Burnout)... Há menos pouco mais de um mês chorei de emoção ao conhecer, de barco e de bem perto, as cataratas de Iguaçu... No fundo, acredito que chorar é quase como um sinal vital... Não gosto nem admiro pessoas que não choram... mesmo assim queria ser um pouco, só um pouquinho menos chorona...